sexta-feira, 13 de maio de 2011

Ceará oficializa a primeira união estável homoafetiva


A mãe estava ao lado, o irmão era um dos padrinhos, uma entrada na igreja como noivo havia acontecido quatro meses antes e todos que estavam no salão apoiavam incondicionalmente o episódio prestes a acontecer. Ainda assim, o auxiliar administrativo Leonardo de Carvalho Praxedes, 36, sentiu frio na barriga ao pisar no tapete vermelho que o levou ao “altar” na tarde de ontem.

Ele e o também auxiliar administrativo José Irapuã Mendes Brandão, 35, formam, agora, uma família perante a República Federativa do Brasil. Foi o primeiro casal homoafetivo do Ceará a registrar uma união estável desde o último dia 6, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu, em votação unânime, a validade de relacionamentos gays.

Algo para consumar, de uma vez por todas, o amor dos dois. Em dezembro do ano passado, Leonardo e Irapuã assinaram um contrato de união. Um mês depois, entraram na igreja. Sim, há uma instituição religiosa a favor da união de pessoas do mesmo sexo no Brasil!

Diante de um diácono, um disse “sim” ao outro na Igreja Comunidade Metropolitana. Depois de uma troca de olhares numa boate em 1998, sete anos “se conhecendo” e seis com as escovas de dentes lado a lado. Treze anos juntos. “Foi ele quem pediu minha mão. A gente estava numa roda de amigos. Depois, sentamos e decidimos que era mais um passo a ser dado”, lembra Leonardo.

Assinados os papéis, os auxiliares administrativos pretendem entrar na fila de adoção. Querem dois filhos. “Quem sabe um casalzinho”, especula Praxedes. A decisão do STF garante-lhes isto, assim como outros direitos antes exclusivos ao matrimônio homem-mulher.

Mas nada de filhos a curto prazo. É preciso se organizar financeiramente primeiro. “A gente estava construindo uma vida e ficaria junto de qualquer maneira. Agora, vamos começar a construir uma família. E o nosso passo é para encorajar as pessoas a encarar a sociedade e legalizar suas uniões também. A homofobia tem que acabar e todos têm os mesmos direitos”, projeta Leonardo.

Como
ENTENDA A NOTÍCIA
União só foi possível após STF reconhecer legitimidade de relacionamentos gays. Mas procura em cartórios ainda é pequena no Ceará. Segundo a Associação dos Notários no Estado, só Leonardo e Irapuã registraram relação até ontem.

O Povo Online

Nenhum comentário:

Postar um comentário